por Claudia Russo

Se cada vez que remoemos e pensamos demais, estamos um passo mais longe de nós mesmas/mesmos, então será que pensar menos nos traria de volta para nosso centro?

Quando praticamos um esporte que requer de toda nossa atenção, a gente está em pleno contato consigo mesma/mesmo. Todo o nosso ser: ação, emoção e pensamento, está ao serviço daquela atividade que estamos realizando.

Parece que fica mais fácil perceber a nossa existência quando não nos distraímos da experiência imediata, do aqui e agora.

Estudos científicos revelam que a mente leva mais tempo para perceber o que o corpo já sabe. O processo cerebral de captar, por exemplo, um sinal de perigo, demora um certo tempo; só que antes do cérebro fazer sua interpretação, o corpo já tinha entendido. 

Isso significa que superestimamos a capacidade intelectual, sendo que, quem verdadeiramente nos protege das ameaças é o nosso cérebro reptiliano, comumente conhecido como nosso instinto.  

O ponto é que nossa sociedade supervaloriza a mente e os processos racionais. É verdade que nossa mente é capaz de sintetizar muitas informações, ela tem seu mérito. Contudo, acredito que seja um bom caminho aprender a escutar o corpo e relativizar o peso dos nossos pensamentos. 

Muitas filosofias orientais e linhas terapêuticas usadas no ocidente promovem em sua abordagem “cultivar a presença”. A ciência, por sua parte, também tem estudado profundamente o funcionamento do cérebro e de que forma a meditação, como prática para alcançar uma consciência plena, gera um estado de calma e bem-estar. 

Se não fizermos propositalmente uma pausa para nos perceber, corremos o risco de viver presas/presos do automático. Estima-se que funcionamos no automático a metade do dia. Um estudo da Universidade de Harvard demonstrou que quanto maior for o tempo que estivermos em estado “dormente”, maior será a sensação de insatisfação com a vida. 

A gente tem a crença de que precisamos agir constantemente: fazer, resolver, ir atrás. Ser proativa, proativo, é uma virtude muito valorizada pela nossa sociedade. No entanto, no momento de tomar grandes decisões o que mais precisamos é de confiança. 

Podemos bolar uma estratégia, fazer grandes planos, porém, tem uma parte do “trajeto” que não depende só de nós; é nessa hora que precisamos “entregar” e confiar. A pausa e a meditação, são ótimas aliadas nesse processo de conectar com a confiança. 

Se eu consegui nessas linhas fazer com que você questionasse a superioridade da sua mente e desconfiasse dos seus pensamentos, então considero-me satisfeita.

Por fim, agir “compulsivamente” e tentar explicar tudo com a mente não parece nos trazer paz. Os psicólogos do futuro vão ter que dominar a prática da meditação, o mindfulness e outras técnicas, porque só dar voz aos problemas não parece suficiente para ajudar a reduzi-los.

 

 Foto da Psicóloga e Terapeuta Gestalt Claudia Russo, especialista em autoconsciência e meditação.

Claudia Russo é psicóloga e terapeuta Gestalt, com mais de 15 anos de dedicação ao estudo e prática em saúde e desenvolvimento pessoal. Acompanha o processo terapêutico de jovens, adultos e casais, em sessões online e presenciais. É idealizadora do retiro de “Reprogramação Psico-energética”, e a vivência “Sopro da alma”, que promovem maior autoconsciência e bem-estar.

Instagram @claudiarussoterapeuta

Contato: (55) 99122 3883

Site: https://claudiarussopsicoterapeuta.com.br/

 

* Foto de Julius Drost en Unsplash